Em um conto intitulado “A Biblioteca de Babel”, Jorge Luís Borges compara o universo a uma imensa e interminável biblioteca, constituída por infinitas galerias, todas elas semelhantes entre si. O princípio fundamental dessa biblioteca baseia-se no espaço, no ponto, na vírgula e nas vinte e três letras do alfabeto, do que se deduz que a Biblioteca é total e que suas prateleiras registram todas as possíveis combinações dos vinte e tantos símbolos ortográficos. De fato, esta Biblioteca engloba todas as estruturas verbais, todas as variantes que permitem aos símbolos ortográficos enumerarem o conhecido e o desconhecido.
“A escrita metódica distrai-me da presente condição dos homens”. Com esse ditame borgiano inicio a jornada nessa tarefa que me reúne às outras personalidades que compõem este espaço e que pretendem fazer parte nessa representação do universo, cada um à sua maneira, dentro de uma cosmovisão particular. Quanto a mim, pretendo mais expor meus pontos de vista do que propriamente mantê-los.
Talvez algumas das minhas palavras figurem em alguma dos intermináveis segmentos de uma imensa biblioteca, mesmo não sendo aquela imaginada por Borges, mas uma estruturada por zilhões de códigos binários. Em meio a labirintos de hipertextos e gatilhos de hiperlinks, sou levado a pensar em como poderia contribuir para que você que me lê agora veja a vida pela mesma ótica que eu vejo. Não me resta nada a fazer senão o que os outros também fizeram ou irão fazer: tecer uma imensa teia de palavras (lembrando que estas aqui fazem parte da teia na qual você está justamente emaranhado agora) para que entre uma costura e outra você possa fazer as suas próprias ligações.
O desafio de escrever de uma forma bem pessoal neste blog me motiva não apenas a expor idéias e aprendizados, mas também construir meu espaço de criação e construção. Palavras criam o mundo, palavras modificam o mundo. Sim, enquanto houver palavras, sempre haverá a possibilidade de interferir no universo, e não apenas descrevê-lo. Ao querer representar o universo, como diz Borges, ninguém pode articular uma sílaba que não esteja cheia de ternuras e de temores.
Meu nome é Leonardo Amorim, e isso é um pouco de tudo que trarei a vocês.
Um comentário:
Liberdade de criar a partir de uma criação livre. Como no conto citado, rearranjar as letras do alfabeto e criar bilhões de palavras.
Importa mesmo o sentido e o significado da experiência, que será exposta e não necessariamente mantida. Pontos de vista são percepções, percepções são experiências. Não simples assim, mas não gostaria de complicar mais.
Senti-me à vontade para aguardar novas considerações a partir destes pontos de vista.
Boas vindas às palavras, aos temores, dores e alegrias! Aos sabores e cores da existência, da mais simples existência de uma vírgula ou ponto.
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