sexta-feira, 27 de julho de 2007

Considerações iniciais

Em um conto intitulado “A Biblioteca de Babel”, Jorge Luís Borges compara o universo a uma imensa e interminável biblioteca, constituída por infinitas galerias, todas elas semelhantes entre si. O princípio fundamental dessa biblioteca baseia-se no espaço, no ponto, na vírgula e nas vinte e três letras do alfabeto, do que se deduz que a Biblioteca é total e que suas prateleiras registram todas as possíveis combinações dos vinte e tantos símbolos ortográficos. De fato, esta Biblioteca engloba todas as estruturas verbais, todas as variantes que permitem aos símbolos ortográficos enumerarem o conhecido e o desconhecido.

“A escrita metódica distrai-me da presente condição dos homens”. Com esse ditame borgiano inicio a jornada nessa tarefa que me reúne às outras personalidades que compõem este espaço e que pretendem fazer parte nessa representação do universo, cada um à sua maneira, dentro de uma cosmovisão particular. Quanto a mim, pretendo mais expor meus pontos de vista do que propriamente mantê-los.

Talvez algumas das minhas palavras figurem em alguma dos intermináveis segmentos de uma imensa biblioteca, mesmo não sendo aquela imaginada por Borges, mas uma estruturada por zilhões de códigos binários. Em meio a labirintos de hipertextos e gatilhos de hiperlinks, sou levado a pensar em como poderia contribuir para que você que me lê agora veja a vida pela mesma ótica que eu vejo. Não me resta nada a fazer senão o que os outros também fizeram ou irão fazer: tecer uma imensa teia de palavras (lembrando que estas aqui fazem parte da teia na qual você está justamente emaranhado agora) para que entre uma costura e outra você possa fazer as suas próprias ligações.

O desafio de escrever de uma forma bem pessoal neste blog me motiva não apenas a expor idéias e aprendizados, mas também construir meu espaço de criação e construção. Palavras criam o mundo, palavras modificam o mundo. Sim, enquanto houver palavras, sempre haverá a possibilidade de interferir no universo, e não apenas descrevê-lo. Ao querer representar o universo, como diz Borges, ninguém pode articular uma sílaba que não esteja cheia de ternuras e de temores.

Meu nome é Leonardo Amorim, e isso é um pouco de tudo que trarei a vocês.

Um pouco do verde ou do cinza

O Parque Estadual do Cocó é o trecho entre a BR-116 e a foz do rio. O decreto nº 20.253, de 05 de setembro de 1989, assinado pelo governador na época Tasso Jereissati, declara ser de interesse social a desapropriação da área para fins de preservação.

Segue, em 1992, outro decreto, destinado a ampliar o parque e assinado pelo então governador Ciro Gomes. O texto enfatiza a política de preservação do meio ambiente feita pela administração estadual e diz visar “uma melhoria na vida da população”.

A defesa do Cocó teve início nos anos setenta, quando o Banco do Nordeste queria construir sua sede administrativa na região. Atualmente, uma nova preocupação dos ambientalistas e daqueles que se importam de alguma forma com o local é a construção da Torre Empresarial Iguatemi, a poucos metros do rio.

Aparentemente, a construção tem tudo para ser proibida. No entanto, uma licença para a obra foi concedida pela prefeitura de Fortaleza. A Semace (Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Ceará) indica como atividade proibida na zona de amortecimento a “implantação ou ampliação de quaisquer tipos de construção civil sem o devido licenciamento ambiental”.

A concessão de licenças nas zonas de amortecimento do parque é listada pela secretaria como atividade permanente, ao lado de fiscalizações monitoramento, campanhas educativas, etc. Esta parte da lei não está bem clara. Parece deixar muitas brechas.

Todas as pendências judiciais e a real situação do lugar não chegam até nós de forma satisfatória. Os jornais tratam o parque como mais um equipamento de lazer da cidade que, por sorte, possibilita-nos contato com a natureza. Os ambientalistas têm diversas visões. Dentre elas, a de manter o parque o mais distante possível da ação humana. Também é fato que algumas pessoas tiram dali seu sustento. O Iguatemi, por sua vez, anuncia escritórios com vista privilegiada para o verde.

Algo quando se institucionaliza, quando é socialmente construído, permanece socialmente dependente. Aquele pedaço de natureza não é mais dono de si. Que olhar vai decidir o destino do Cocó?


Fontes: Diário do Nordeste, O Povo e Semace. [online]

O que os olhos vêem até demais

Você passa feito louco pelas esquinas da vida. Estuda a melhor saída, sapateia pelos buracos das calçadas, pinta um futuro incerto. Tem sede? Engole a própria saliva! Cansaço? “Evolutivamente, o homem não foi preparado para suportar o grau de tensão contínua e constante a que está exposto todos os dias”, afirma Dr. Marco Aurélio Dias, cardiologista falecido recentemente. “E agora, Doutor? Que é que a gente podemos fazer se não tem dinheiro, o jeito é agüentar o cansaço e ganhar o de comer pros menino”, explica a moradora da Areia Grossa, comunidade que incendiou há 16 dias.

-Não! Não dá pra suportar a falta de sensibilidade, o superficialismo, não dá, nem quero terminar de embrutecer meu coração.

-Que poético, não? Menina tola falando de sentimentos e achando que isso é bonitinho.

A essa altura, minha gente, tenho pouca coisa pra escrever. Não sei se por falta de inspiração, pouco conteúdo ou poder de síntese, mas meus textos e falas são curtos. O que são muito intensos e bastante visíveis são meus sentimentos. Experimente dizer que tentar ajudar um ser vivo qualquer é caridade! Sabe o que faço? Desabo em lágrimas a cada vez que penso no quão inútil fui por não atender a um pedido por força, digamos, editorial. Bela iniciativa, não?

Sem mais, o que se pode acrescentar sobre um mundo que deixa uma mulher cega e grávida parir o filho em pé e quase vê-lo morrer porque um cachorro da rua sentiu cheiro de comida e resolveu comer a placenta, cordão umbilical e quase tudo o mais que viu pela frente?

Não me venham com frases do tipo “seja a gotinha no oceano”, “faça a sua parte”. Ando muito decepcionada com o ser humano e com todo e qualquer tipo de construção ou vida que seja feita à sua imagem e semelhança. Vejam o que disse um membro de uma associação CRISTÃ sobre a proposta de construir um ginásio poliesportivo dentro da ÚNICA área verde da Regional I: “Me diga o que é mais importante: a vida de uma pessoa ou de uma árvore?”

É, seu João, José ou Antônio Ferreira... não responderei à sua pergunta. Podem trazer Mandela, admirar Gandhi ou Betinho. Não faz a mínima diferença para pessoas como o senhor. Desculpem-me os otimistas de plantão, é só uma fase. A decepção e a desilusão vão passar.

Minha razão é a emoção.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Papel, carne e concreto

De que é feito o ser humano hoje!?

O Senhor Marco Aurélio García, um dos grandes coordenadores do PT e assessor especial do presidente, protagonizou nesta semana, junto com um colega de gabinete, uma das mais tristes e revoltantes cenas dos últimos tempos. Ao saberem da possibilidade de o acidente com o vôo TAM 3504 em Congonhas ter sido provocado por falha mecânica, ambos fizeram gestos obscenos fora de tempo, desafortunados, flagrados por uma câmera oculta da Rede Globo. A cena foi veiculada por todo o Brasil através das mais diversas emissoras televisivas; impressa em jornais, exposta na internet. Em reação, a indignação popular é, certamente, muito grande: se não motiva uma revolta de protestos mais acintosos contra as autoridades, é porque existe uma catarse muito maior que a impede.

Porém, se engana quem acha que a catarse é de agora. A inanimação do cidadão brasileiro quanto a suas autoridades data de tempos imemoriais. Para não irmos longe, podemos lembrar o uso político da vinda de Bento XVI, quando deputados e senadores aproveitaram a distração cristã da maioria para multiplicar seus salários (coisa que dois meses antes provocou grande mal-estar - mas não reação! - popular). Ou as contas e histórias absurdas por trás dos Jogos Panamericanos do Rio; elas provocam algum alarde!? Em nenhuma dessas ocasiões houve qualquer reação política ou popular. Foi há quase cem anos que o baiano Rui Barbosa afirmou: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto." As coisas não parecem ter mudado muito em tanto tempo!

Se engana, também, quem acha que foi o gesto dos assessores o verdadeiro estopim moral em relação ao maior acidente aéreo brasileiro. Desde que surgiram as primeiras informações, certamente muitos outros políticos, de governo e oposição, tiveram reações íntimas ou explícitas tão ou mais graves do que esta. Desde muito cedo se fez com os números de vítimas politicagem e discurso ideológico inflamado. Deputados e senadores em CPI foram os primeiros a levantar a voz nesse tom, para fazer valer a oportuna evidência que as comissões promovem. Não ficou de fora a Comissão de Ética do Senado... e tudo vai ganhando um contorno meramente político... não houve um mínimo de respeito ou comedição que a ocaisão demanda.

Nessa encruzilhada moral e cultural, o pior foi mesmo o comportamento da mídia. Ao invés de servir utilmente à sociedade (ou ao menos de se conter em não prejudicá-la), foi capitaneada pela Rede Globo neste que é um dos mais vergonhosos episódios da mídia brasileira: sua postura grotesca e covarde (no mínimo) em explorar um assunto tão mesquinho num momento de tanta dificuldade para o país e, em especial, aos parentes das vítimas!? Imagino que, mais do que indignação política, essas pessoas sentiram profunda dor moral, absolutamente desnecessária e evitável pela imprensa. A postura do cinegrafista e dos seus superiores foi ridícula, covarde, abominável; não para com os assessores da presidência, mas com a população brasileira e com a ética dos homens.

O que se pode chamar de "natureza humana"? Qual grande transformação bioquímica tem ocorrido para sermos quem somos ou, mais precisamente, o que somos!?

Feito, do pó, pele, carne e osso, o ser humano hoje parece transvirado, como feito de papel, carne e concreto. Sobrou alguma coisa de natural, até aqui... mas já por fora (e preocupa-me se também por dentro, no mais íntimo rincão de alma) parece algo bruto e sem sentido.

A farsa do Vestibular


Apontado como um divisor de águas na vida estudantil, o vestibular é o único caminho que existe para que qualquer brasileiro ingresse em uma instituição pública de ensino superior. Todos os anos, milhares de estudantes de cursinhos e escolas públicas tentam o concurso e travam uma disputa desigual por uma vaga na Universidade

O vestibular é o concurso mais temido e odiado pelos estudantes do Brasil. É implantado na rotina escolar cada vez mais cedo e vem a cada semestre ganhando mais importância na sociedade brasileira. O que se previa quando houve o boom das Faculdades privadas não se cumpriu. Ano após ano, a concorrência por vagas em Instituições Públicas de Ensino Superior vem ficando mais agressiva, e a repugnante prova tem sido vista por muitos como uma batalha selvagem entre os jovens das mais diversas camadas sociais.

Quem são os vencedores e os derrotados de tão temível disputa? As centenas de Outdoors e Busdoors espalhados pela cidade transmitem a idéia de que os únicos iluminados são os estudantes das suas próprias instituições anunciantes. E, em parte, têm razão. Nos últimos anos, os alunos oriundos das escolas públicas não tem tido a menor chance frente aos estudantes advindos de cursinhos ou escolas particulares. Só no meu curso (Jornalismo – UFC), das 25 pessoas que entraram, apenas 1 veio da rede pública.

As causas da tamanha discrepância no vestibular podem ser postas à mesa com alguma facilidade. Podemos começar com um problema embrionário da educação brasileira: a falta de estrutura das escolas públicas. Enquanto os Aris de Sás da vida possuem centros de apoio ao vestibulando, bibliotecas bem equipadas e professores capacitados, muitas escolas da rede pública de ensino apresentam justamente o cenário oposto, impedindo qualquer progresso dos alunos vinculados a este tipo de instituição. Outro fator relevante se aplica à própria forma como o vestibular é aplicado. A prova testa todo o conhecimento passado ao longo de 10 anos de escola. Dessa maneira, muitos estudantes sentem-se perdidos com conteúdos totalmente sem conexão com o curso pleiteado.

Iana Lara Braz, aluna do Liceu do Ceará, revela a gravidade da situação: “Os professores não se interessam. Não tem nem biblioteca para a gente estudar. No último vestibular, dos quase 600 alunos pré-vestibulandos do Liceu do Ceará, somente 6 foram aprovados". Segundo a estudante, além de tudo isso, um importante aspecto psicológico ainda é levado em conta: "muitos dos estudantes não tem confiança em si mesmos e nem tentam a prova".

Não estou defendendo aqui que o estudante de escola particular, por ser de instituição privada, não tenha direito à Universidade Pública, ou mesmo, que seja feita uma política de cotas para estudantes da rede pública. Isso, com certeza, só taparia o sol com a peneira. No entanto, a desigualdade que este concurso vem apresentando já transborda o nível do inaceitável.

O pior de tudo é que o Governo Lula vem tentando solucionar esse drama nacional da pior maneira possível. Imaginemos a Educação brasileira como uma casa quase para desabar. Qualquer pedreiro (nada relacionado à escolaridade do chefe de estado) de respeito iniciaria uma reforma pelas bases da casa. No entanto, o nosso mestre-de-obras resolveu iniciar a recuperação da casa com um telhado novo sobre um amontoado colunas condenadas. Resultado: o telhado caiu e a casa não foi reformada. É assim que o Prouni vem funcionando. Levar alunos de escolas públicas com sérias deficiências no Ensino Básico (o nome já diz tudo) para a Faculdades Privadas não proporciona qualquer avanço, a não ser nos números eleitoreiros do governo. Como que um aluno desses vai estar durante o curso? Com que preparação ele vai ser inserido no mercado de trabalho? Da mesma forma que um aluno pobre perde a concorrência para o rico no vestibular, vai perder na luta por um emprego, por não ter feito um curso com a mesma qualidade de um aluno que a vida inteira teve um bom Ensino Básico.

Sinceramente, não me conformo com a política do “pelo menos já é alguma coisa”. Os estudantes menos favorecidos clamam por uma saída de verdade. O vestibular, além de ser uma grande mentira, pois é feito por e para uma parcela da sociedade, ainda faz emergir o câncer da desigualdade social.



terça-feira, 10 de julho de 2007

BLOG?

O msn dava o aviso de um novo email na caixa de entrada. Convite para um blog.
Blog é um negócio engraçado, dá preguiça de ler e, geralmente, não nos conta muita coisa da vida alheia. Logo, só é acessado quando o orkut enche o saco. Bem, o nome do blog chamava-se: Desemblogue-se. Alguém tem idéia do porquê do epíteto(este pq tem este acento aí?) ? Enfim, acho que ninguém tinha idéia. Fora o dono do BLOG (o q diabo significam estas letras?), eu era a primeira a escrever.
O nome dado pelo proprietário poderia querer dizer muitas coisas. Mas eu não ficarei por aqui a divagar motivos. Opto pelo mais concreto para a minha imaginação: o dono se cansou de conversar com o computador e veio fazer um apelo à realidade, às conversas de tarde, pelas calçadas, conversas que a pós-modernidade nos roubou. Não importa o motivo. Eu estou presente neste universo também, a regar flores e a contar histórias que, por enquanto, não precisam ser reais. Basta que sejam, como este blog, um convite para uma nova realidade. Um universo de mais apego às pessoas, à beleza das coisas simples como o céu de uma cidade do interior. Façamos do desemblogue-se um anti-computador sentimental!

Ah... Já ia esquecendo de me apresentar! Meu nome é Alice, venho de longe e tenho pouco tempo. Só até que eu acorde...

segunda-feira, 2 de julho de 2007

desemblogue-se!

o BLOG foi inventado em 1997

a cultura BLOG tem criado diversos fenômenos hipermidiáticos

para alguns, o BLOG resgata a essência do jornalismo ideológico





Quer saber!?

DESEMBLOGUE-SE!